segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

ELIAS, MEU PAI

Meu pai faleceu aos 61 anos de idade, vítima de um infarto fulminante do miocárdio.

Não tenho muitas lembranças dele de quando eu era criança mas algumas ainda permanecem.

Meu pai teve uma educação repressora, formal e não se transformou nem um pouco ao nos educar; Hoje eu sei que era a forma de demonstrar o amor que tinha por nós.
Achava lindo as pontas de lápis que ele fazia. Um dia após apontar um, ele falou:
- Vamos ver como ficou.
Pegou um papel e começou a escrever o nosso alfabeto em letras tipo bastão e pediu para eu ir repetindo. Assim chegamos até a letra Z.
Eu não tinha idade para frequentar escola mas sabia que aquilo fazia parte do processo e achava ele um gênio. Sempre gostei de escrever com letras de forma e desse jeito não tem como esquecê-lo.

Uma lembrança que me vergonha: Quando cursei o antigo primário que ia do primeiro ao quarto ano, não existiam canetas esferográficas, eram canetas de pena e nós tínhamos que levar um vidrinho de tinta azul e outro vermelho que se encaixavam nas carteiras num lugarzinho especial para eles. O "maior barato" era um tal de mataborrão que usávamos para secar as letras. Pois é, a primeira vez que fui usar essa caneta foi em casa. Achava a tinta vermelha uma maravilha e queria usar rapidinho, como tudo que quero, então menti dizendo que a professora tinha mandado fazer uma cópia com a tinta vermelha.

E fiiiiiizzzzzzz! Hoje também sei que meu pai sabia dessa mentira vergonhosa e só eu criança me achando muuuuuuito esperta. Babaca mesmo! como toda criança que ainda hoje pensa que sabe mais que os pais.

2 comentários:

  1. Isso acaba sendo engraçado, a criança se achando a pessoinha mais esperta do mundo...creio que todos já fizemos isso. Por esta razão acho um trecho da música 'pais e filhos' do legião urbana, muito sábia:
    '... você diz que seus pais não te entendem, mas você que não entende seus pais...'

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  2. Muita saudade, é isso o que senti ao ler sobre seu pai, meu tio Elias...
    Saudade dele. Saudade da alegria que reinava quando todos se encontravam, na casa de nossa avó Sophia.

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